O preço da liberdade ou As duas metades do equilíbrio
Eu sei que não é fácil. Nós todos sabemos que não é. Custa alguma coisa essa tua liberdade, da qual tanto você se orgulha. A minha também não é barata, estou vendendo em Euros, inclusive; moeda cara. O preço não é pra qualquer freguês, só pros abusados, ousados. A vida não me mete tanto medo porque não pretendo subir tão alto; altura demais me assusta. Por isso, aceito. Naquele momento você riu de mim e eu de você, ambos por motivos diferentes...ambos nos entrejulgamos certos. Mas estávamos errados. Eu nunca havia te abraçado até então, porque nunca sentira a necessidade de pedir desculpas. Porque só pede desculpas quem erra, e eu achava que nunca havia errado. Eu falava pra você trocar suas chinelas por um par de sapatos, enquanto você implorava pra que eu me livrasse do incômodo dos paletós; eu lhe dizia pra não ficar o dia inteiro na praia e que arrumasse um bom emprego, enquanto você tentava me subtrair as horas de desassossego que me causavam o excesso de trabalho; eu falava sobre capitalismo e você sobre igualdades; você falava de prazer e eu, de responsabilidades. Mas eu não te ouvi. Você também não me ouviu. Os anos passaram e juntos convivemos brigados. Sem se falar por muito tempo; eu sempre passava correndo, enquanto você assobiava tranqüilo o Bolero de Ravel. E vivíamos eu lamentando por ti e tu, por mim. Até que um dia eu, tão sufocado de afazeres, decidi parar pro único abraço que lhe daria dentro de muitos anos. Foi então que você me compreendeu e eu finalmente, te compreendi.
4 Comments:
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Que lindo Marcelo! Nossa, nooossa!!!
Isso tudo que você descreveu já foram questionamentos meus... a hora de parar, de ser menos mecânico, e sentir a vida de verdade! Não apenas vê-la passar, mas senti-la nas mãos, no corpo, na mente...
E é bom parar, enquanto é tempo, pra perceber do que o corpo precisa, como diz aquela musica... lembra? O que é muito difícil nos dias de hoje, e pra falar a verdade, de sempre praqueles que não nasceram em berço de ouro.
O difícil de parar, ou meio parar, com aquilo que for possível, é se sentir perdido no meio do caminho, e a incompreensão daqueles que observam e não são capazes de estender a mão pra ajudar. Mas esta é a sina e porque não dizer privilégio já que poucos são os que conseguem perceber essa sutileza.
Repetindo-me, eu adorei o texto de hoje!
Dê notícias! Sinto sua falta...
Beijo no seu coração.
Olá Marcelo..
E tentando traduzir o intraduzível, escrevi algo em meu blog.. o sono escapou-me e resolvi escrever..
bons dias à vc..
beijos.
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